Cervejas

Mercado de trabalho: mestre-cervejeiro versus sommelier de cervejas

Cilene Saorin

Cilene Saorin

Colunista do UOL
  • Divulgação

    A Baden Baden Golden, de Campos do Jordão (SP), leva assinatura do mestre cervejeiro Carlos Hauser

    A Baden Baden Golden, de Campos do Jordão (SP), leva assinatura do mestre cervejeiro Carlos Hauser

A cultura das cervejas, particularmente, tem se propagado graças a uma legião de profissionais e empreendedores engajados na apresentação da bebida em seus diferentes estilos e personalidades. E é justamente sobre alguns desses profissionais da cerveja, dedicados a estudar a fundo essa bebida, o tema dessas linhas – me refiro aos mestres-cervejeiros e aos sommeliers de cervejas.
 
É muito comum que as pessoas achem que é tudo a mesma coisa – será? Engenheiro civil e arquiteto é a mesma coisa? Médico e enfermeiro também? Pois é. Sabemos bem que essas profissões abordam assuntos em comum: os engenheiros civis e os arquitetos falam sobre construção; os médicos e os enfermeiros, sobre saúde; os mestres-cervejeiros e os sommeliers de cervejas, sobre cerveja. Entretanto, essas abordagens são feitas de formas diferentes e complementares. (Rapidamente, vale comentar que tanto mulheres quanto homens estão incluídos nas profissões acima citadas.)
 
Os mestres-cervejeiros basicamente têm competências e responsabilidades na produção de cervejas; já os sommeliers, na comunicação das mesmas. As atividades profissionais no cotidiano são bem diferentes, assim como os vocabulários utilizados.
 
Normalmente, as pessoas que querem seguir a carreira de mestre cervejeiro devem apresentar preparação técnica nas áreas de engenharia (alimentos, química, produção) ou ainda de química, biologia ou agronomia. Vão trabalhar na indústria, colaborando na garantia da qualidade das matérias-primas, na boa execução dos processos cervejeiros, no desenvolvimento de novos produtos e processos. Os relacionamentos de trabalho se darão, sobretudo, com seus pares na indústria e os jargões, muitas vezes, serão altamente técnicos.
 
No caso de sommeliers de cervejas, a história é diferente. As pessoas que se interessam por este caminho podem apresentar preparação média, idealmente com estudos completos do segundo grau. Muito importante nessa profissão é gostar de se comunicar, fazendo bom uso do nosso idioma. Vão trabalhar, principalmente, na comunicação e nas vendas das cervejas em empresas produtoras, importadoras, distribuidoras; ou ainda em bares, restaurantes, empórios, mercados e hotéis. Os relacionamentos de trabalho se darão com seus pares e também com consumidores finais, o que faz com que os vocabulários devam se adequar aos diferentes públicos possíveis.
 
Gostar de verdade de cervejas é fundamental, mas é preciso muito mais. Paixão, estudo, atenção, sensibilidade, curiosidade, dedicação, disciplina, paciência, bom-senso, ética e autocrítica são algumas palavras-chaves para não perder de vista. Por último, mas não menos importante, a responsabilidade em seu significado mais amplo: na esfera social, em sugerir sempre o consumo moderado de cervejas; e na esfera profissional, em fazer uso de linguagem adequada e precisa para passar adiante as verdades da cultura cervejeira e seus prazeres gastronômicos.
 
Ambas as profissões requerem preparação profissional que inclui sala de aula, livros, prática e tempo, como em qualquer outra profissão. Todo cuidado na condução da carreira é importante, para que, no futuro, naturalmente se possa receber com mérito o respeito e o reconhecimento esperados.
 
E assim termino, indicando alguns bons rótulos brasileiros para degustação, como em homenagem aos mestres da velha-guarda cervejeira que muito já me ensinaram, direta ou indiretamente, e que pelos quais guardo profunda admiração e respeito. A cerveja de Campos do Jordão (SP), a Baden Baden Golden (veja ficha técnica abaixo), elaborada por Carlos Hauser; a de Blumenau (SC), a Eisenbahn 10 Anos (7,2%, 375 ml, R$ 24,50, na Costi Bebidas), por Gerhard Beutling e Peter Erhardt; e também de Blumenau, a Bierland Vienna (5,4%, 600 ml, R$ 10,50, na Dufry), por Ilceu Dimer. Detalhe: todos eles, antes de suas belas atuações nas microcervejarias, aprenderam e praticaram muito a ciência e a tecnologia cervejeira em grandes indústrias no Brasil e no mundo.
 
::FICHA TÉCNICA::
Baden Baden Golden

Essa cerveja foi das primeiras criações ousadas do mestre cervejeiro (já aposentado) Carlos Hauser, na Cervejaria Baden Baden. Do estilo Spice Ale, leva na receita uma dose discreta e precisa de canela. Especiaria que lhe confere um aroma delicado, ao lado de nuances de frutas. De cor amarelo-ouro, na boca apresenta final levemente doce. Idealmente servida entre 3º e 5ºC, combina bem com queijos semiduros como Gruyère e Emmental, por exemplo.
 
País: Brasil
Teor alcoólico: 4,5%
Volume: 600 ml
Preço: R$ 12,57
Estilo: Spice Ale
Onde encontrar: www.sondadelivery.com.br

Cilene Saorin

Cilene Saorin é mestre cervejeira graduada pela Universidad Politécnica de Madrid- Escuela Superior de Cerveza y Malta. Com mais de 20 anos de profissão, atua como consultora, sommelier e é presidente da Associação Brasileira dos Profissionais de Cerveja.

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