Topo

Bacalhau tem cabeça, sim! Descubra mais sobre o peixe símbolo da Páscoa

Do UOL, em São Paulo

11/03/2016 18h40

Com a chegada da Páscoa, é impossível desviar dos ovos de chocolate e dos coelhinhos. Na cozinha, porém, um terceiro elemento aparece no radar de muita gente: sua excelência, o bacalhau!

Por conta da influência portuguesa no menu nacional, o produto é um dos símbolos do feriado, dividindo opiniões: os detratores reclamam do sabor muito salgado e do excesso de espinhos, enquanto os fãs defendem a maciez da carne e o fato de que ela combina com diversos acompanhamentos.

E quem acredita que o bacalhau só presta quando imerso em azeite pode descobrir que o ingrediente aparece em outros formatos e culturas. Para os ingleses, o peixe é comida de rua: o popular "fish and chips", empanado em cerveja e farinha e frito com batatas. Já no Japão, a versão fresca (chamada de "tara") aparece tanto cozido com pasta de soja quanto na forma de sushis. 

E não é preciso se limitar ao produto assado. "Minha versão preferida é uma salada de bacalhau em lascas com fava e cebola roxa marinada no azeite, açúcar mascavo, aceto balsâmico e sal", conta o chef do restaurante espanhol Venga!, Nery Owczarzak, que também serve o peixe no formato de dadinhos com maionese de mel, um aperitivo diferente para o feriado. 

Seja de que maneira for - assado, em bolinho, em postas ou em lascas - nunca é demais aprender como comprar e usar o ingrediente a tempo de arrasar no almoço de domingo de Páscoa, ou sempre que der vontade. 

  • Getty Images

    De onde vem?

    Para começo de conversa, sim, bacalhau tem cabeça... E não é um peixe só - na verdade, o nome cobre várias espécies. A mais conhecida delas, chamada Gadus morhua (o famoso "bacalhau da Noruega", pescado no Atlântico norte) pode chegar a dois metros de comprimento e pesar até cem quilos. De todos os tipos de bacalhau, é o mais macio e de carne mais branca. As variações da espécie, chamadas de Ling, Saithe e Zarbo, são bons para o preparo de molhos e também do famoso bolinho.

    Outro tipo de bacalhau bastante encontrado no mercado é o Gadus macrocephalus, pescado no Oceano Pacífico. Este é parecido com o ingrediente norueguês no formato e na cor da carne, mas de sabor bem diferente. Pode ser usado em ensopados, recheios de torta e bolinhos.

  • Juliana Vaz/Folhapress

    Por que tão salgado?

    Aquela crosta de sal do bacalhau seco é uma forma de conservação do alimento que vem de muito longe - os vikings já preparavam o ingrediente desta forma. Atualmente, o peixe já é mergulhado em salmoura tão logo é pescado e posto para secar.

    Para dessalgar o peixe, é preciso paciência e muita, muita água. "O processo vai depender um pouco do tamanho das postas ou se você for trabalhar com o filé do bacalhau inteiro", explica Thiago Cerqueira, do restaurante Le Repas, em São Paulo. "Com o bacalhau em postas, o processo de dessalgar é mais rápido: lave bem em água corrente e depois coloque em um recipiente coberto com água e gelo. Deixe na geladeira, trocando a água de 3 em 3 horas, Quando se trata de um filé inteiro, troque a a água de 8 em 8 horas durante dois dias."

  • Divulgação

    Para escolher bem

    Um bacalhau bom para consumo não pode ter manchas escuras na carne, tampouco rachaduras. Também não pode ter partes fofas ou com sinal de umidade. O cheiro do ingrediente é forte, mas não ruim. Verifique também a camada de sal: ela tem que ser inteiriça e cristalizada.

  • Divulgação

    Conservando

    Depois de comprar, o melhor a fazer é guardar o bacalhau na geladeira. Depois de dessalgado, é possível congela-lo por até seis meses - seque bem o peixe, pincele com azeite e acondicione em um pote hermeticamente fechado.

    E, na hora de preparar, não ferva o bacalhau! Após o dessalgue, ele pode (e deve) ser tratado como qualquer tipo de peixe, o que significa que é preciso ter cuidado no preparo para que ele não desmanche. Se desejar, apenas escalde em água fervendo por dez minutos antes do preparo para um pré-cozimento.