Descubra os segredos da caipirinha perfeita - e como variar a receita
Na hora do churrasco, da feijoada, do almoço de final de semana, você já deve ter enfrentado algum tipo de discussão sobre o melhor modo de fazer caipirinha. “Corta o limão em quatro”, diz um. “Não, primeiro tem de tirar a casca”, vem outro. “Precisa cortar em rodelas”, diz mais um.
Embora cada um tenha seu estilo, seu toque pessoal, há várias dicas que podem fazer você chegar à caipirinha perfeita. Há quem venha com a ideia de usar vodca, saquê ou Steinhaeger. Gosto é gosto – mas caipirinha clássica continua sendo a preparada com limão, açúcar, gelo e cachaça. Existe até decreto federal estabelecendo esse padrão.
Há quem defenda ferrenhamente a receita tradicional, mas num país com tanta riqueza de frutas e cachaças de variados aromas, é desperdício ficar só na básica. “A caipirinha é um conceito que já extrapolou o limão, mas ainda assim não é o samba do crioulo doido. Considero caipirinhas as misturas com cachaça e alguma fruta ácida, não necessariamente cítrica. Não dá para colocar banana e chamar de caipirinha”, diz Felipe Jannuzzi, autor do site Mapa da Cachaça.
Outras frutas, outras cachaças
Testar a harmonia da cachaça com a fruta pode ser simples: coloque um pedaço de fruta na boca, mastigue suavemente para que seu sumo se desprenda, sem engolir, e dê um pequeno gole da cachaça por cima. Achou que ficou bom? Parta para o preparo.
E aquelas caipirinhas com frutas misturadas, temperos, especiarias, pimentas? Vale fazer testes de harmonia antes de partir para a elaboração do drinque. O maracujá, por exemplo, é uma fruta coringa – vai bem com todos os tipos de cachaça e harmoniza com outras frutas. Com morango, ele sempre é boa pedida. Mas é bom ir com calma, pois a força do maracujá pode predominar e esconder os outros sabores.
Já a pimenta dedo-de-moça, tão especial na caipirinha de tangerina, também deve ser usada com parcimônia – apenas duas ou três rodelinhas levemente maceradas e sem as sementes. E cuidado com especiarias como anis-estrelado, manjericão, gengibre, alecrim ou cardamomo. Elas devem dar aquele leve toque aromático ao drinque – e não fazer com que você tenha a sensação de estar bebendo o armarinho de temperos.
Conversamos com Felipe e outros especialistas sobre os métodos de preparo da boa caipirinha. É bem simples, mas há segredinhos que fazem toda a diferença.
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Qual cachaça?
As cachaças de produção artesanal, de modo geral, costumam ser melhores opções do que as produzidas em larga escala. Usar cachaças de primeiríssima linha também está fora de questão ? melhor bebê-las puras. Cachaças muito envelhecidas e escuras, especialmente as que passam longos períodos em carvalho, também não são recomendáveis ? o ?peso? das notas da madeira se sobrepõe aos sabores das frutas.
O bartender Rodolfo Bob, professor de mixologia e autor do site O Bar Virtual, recomenda sempre a cachaça branca no caso da clássica de limão. Deusdete Souza, famoso pelas caipirinhas do Veloso Bar, em São Paulo, admite cachaças envelhecidas em amburana na receita tradicional. Mas isso não chega a ser uma polêmica. -
Cortar
Há métodos diferentes de cortar o limão. Há quem prefira dividi-lo em quatro partes, e depois em mais duas, tomando o cuidado de tirar o veio branco do centro da fruta, que pode amargar o drinque. Há quem goste de tirar a casca, embora outros defendam que seus óleos essenciais agreguem sabor à caipirinha. Souza, por exemplo, corta o limão em rodelas finas, para que se desprenda bastante sumo.
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Macerar
Seja qual for o seu estilo de cortar o limão, é fundamental macerá-lo junto com o açúcar, usando o pilãozinho, porém sem imprimir muita força, mas com a energia suficiente para que se obtenha uma boa dose de sumo no copo. Procure não machucar muito a casca, para não amargar a bebida - por isso, se cortar os limões em pedaços e não em fatias, coloque-os no copo com a polpa virada para cima. Nunca use a coqueteleira: caipirinha se faz diretamente no copo.
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Colocar gelo, despejar a cachaça e mexer
Depois da maceração, Souza recomenda colocar gelo até o alto do copo. "O gelo tem de ser robusto, não muito fino, para a caipirinha não ficar aguada antes que você termine o drinque", ensina.
De acordo com as contas de Souza, sobram cerca de 60 ml a 75 ml de espaço para a cachaça, mas você não precisa se preocupar com a medida exata. Encha até quase a borda com o destilado, misture suavemente o drinque com um mexedor ou uma colher bailarina, para que o sumo do limão e o açúcar se agreguem à cachaça. Está pronta sua caipirinha tradicional. -
Truque de sabor
Para quem quiser um efeito mais rústico em sua caipirinha, Felipe Jannuzzi e Rodolfo Bob recomendam o uso de açúcar mascavo ou rapadura clara ralada. Isso acentua os sabores da cana no drinque, especialmente se você usar cachaças claras e não envelhecidas. "O açúcar mascavo orgânico dá muito mais profundidade de sabor e riqueza aromática à caipirinha", diz Rodolfo Bob.
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Erros mortais
Que fique claro: pouco gelo e pouca fruta são os erros mais comuns. Nada mais sem graça do que aquela caipirinha com três pedacinhos de fruta boiando ou a que fica aguada e quente já no terceiro gole. Se os dois pecados vierem juntos na mesma dose, melhor demitir o bartender. Muito açúcar também estraga tudo: o legal é brincar com a harmonia de doçura e acidez -a principal característica da caipirinha- unida aos aromas de uma boa cachaça.
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