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Licores saem da prateleira e ganham nova vida em drinques

Do UOL, em São Paulo

22/08/2015 07h00

Talvez já tenha acontecido com você: ganhar ou comprar uma garrafa de licor e vê-la meses, às vezes anos, encostada em um canto da prateleira ou do bar, sem que ninguém dê bola. Claro, licor não é bebida do dia a dia como a cerveja, o uísque ou a taça de vinho no final do expediente. Mas nem por isso você deve deixá-lo no esquecimento.

Muitos têm preconceito contra os licores por considerá-los doces demais. De fato, são. O licor é uma maceração de álcool neutro de cereais ou outros destilados, caracterizada pela alta concentração de açúcar, cerca de 250 gramas por litro. Pouca gente aguenta beber muito licor puro (a não ser os formigões) – é um pequeno cálice após a refeição, fazendo tabela com o café ou o doce, e olhe lá.

Mas você pode inventar muita moda com sua coleção de licores e libertá-los do esquecimento – uma garrafa de cassis tem bem mais utilidades do que guarnecer o creme de papaia. Com vários tipos de licores é possível preparar drinques que unem diversos aromas e sabores: o doce, o cítrico, o amadeirado. Aprenda com os profissionais o passo a passo até se transformar num expert.

Lembre-se que, depois de aberto, o licor deve ser guardado na geladeira para manter suas características e não estragar.

Alquimia do Licor

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    Conheça a bebida

    O mixologista Márcio Silva, consultor estratégico da importadora Mr. Man, explica que é preciso perceber os aromas e sabores do licor que você tem em mãos. Sinta seu cheiro com tranquilidade, prove-o puro, perceba sua densidade, pesquise sobre os ingredientes usados na sua composição e tente imaginar que combinações ele pode oferecer. Basicamente, há licores de frutas, de ervas e aqueles que levam leite, como os achocolatados. Ao prestar mais atenção a eles, certamente encontrará algum que é a sua praia. "O simples hábito de pedir um bom licor para fechar com chave de ouro uma refeição faz você vá descobrindo novos sabores e aromas", diz a chef Renata Vanzetto, do restaurante Marakuthai, que recentemente criou uma série de receitas de drinques e comidas (até salgadas) com o licor africano de marula.

  • Felipe Gombossy/Divulgação

    Faça as primeiras misturas

    Márcio Silva indica o básico da coquetelaria com licor para iniciantes: misturá-lo com champanhe ou espumante brut (cava espanhola, prosecco italiano). Pode ser feito com vinho branco seco também. É o princípio do coquetel Kir Royal. Numa taça, coloque cerca de 10 ml de licor de cassis ou de frutas como framboesa, damasco, pêssego. Complete com o espumante e já vai perceber uma primeira harmonia - a acidez do vinho contrastando com a doçura do licor. Se tem em mãos licores leitosos, experimente incrementar seu próximo chocolate quente com uma pequena dose deles. Os franceses adoram o que eles chamam de Mêlé-Cass: mistura de licores de frutas (especialmente o cassis) com conhaque, sem gelo, em pequenas taças.

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    Avance com os sabores cítricos

    Márcio ensina mais um coquetel muito simples para os iniciantes: 50 ml de cassis, 20 ml de suco de limão siciliano (ou de outras frutas cítricas misturadas) num copo alto com muito gelo - e só isso. "É fácil de fazer e de beber, é refrescante e já mostra como o licor pode interagir com os cítricos", diz Márcio. Ainda nessa fase, é aconselhável usar os licores de frutas.

  • Leo Feltran/Divulgação

    Mude de patamar com os destilados

    O uso do licor em drinques é tão antigo quanto a própria história da coquetelaria, mas misturá-lo com destilados é um estágio mais avançado, que exige um bom nível de percepção. "O licor direciona o destilado, pode acentuar o sabor amadeirado de uma bebida envelhecida, por exemplo", diz Márcio. Por isso, é recomendável seguir as dicas dos profissionais para não errar (veja as receitas de vários bares e restaurantes no álbum). "Da mesma forma que os licores contribuem para melhorar o drinque, podem também estragá-lo, se usados de forma incorreta", diz Renata.

  • Felipe Gombossy/Divulgação

    Que seja doce

    Se o seu caso é curtir a doçura, volte ao primeiro estágio, beba seus licores puros e não dê bola para os comentários. Vai sempre aparecer alguém dizendo: "Ai, detesto bebida doce". Simplesmente não ligue. Ou siga as dicas da chefe de bar Talita Simões, do restaurante Side, que apostou no dulçor e, depois de uma boa pesquisa, criou uma linha de pequenas sobremesas bebíveis, reproduzindo, com licores, clássicos como o bolo floresta negra, o crème brûlée, a torta de limão e o tiramisù. "Os shots de sobremesa estão fazendo sucesso, pois são bonitos e gostosos. Alguém pede, a pessoa da mesa do lado fica curiosa e pede também. Acredito que eles ajudem a quebrar o preconceito que alguns têm contra os licores", diz Talita.