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Sem água, cevada e lúpulo, cervejeiros criam a cerveja mais bizarra do país

Cerveja Bizarro leva itens como erva-mate, coentro, losna e água de coco - Divulgação
Cerveja Bizarro leva itens como erva-mate, coentro, losna e água de coco Imagem: Divulgação

Colaboração para o UOL, em São Paulo

21/05/2016 07h00

A famosa Reinheitsgebot, mais conhecida como Lei da Pureza Alemã -que, dentre outras coisas, impõe que a cerveja deve ser feita somente com água, malte, lúpulo e levedura- recentemente completou 500 anos de vida.

Dois cervejeiros brasileiros e um alemão, no entanto, resolveram fazer uma comemoração às avessas. Em uma época na qual vemos cada vez mais novidades e invencionices no meio, as cervejarias Duas Cabeças, Morada e Freigeist se juntaram para criar uma bebida que fosse radicalmente contra o que prega o regimento assinado há cinco séculos.

Assim surgiu a Bizarro, que não leva malte de cevada e nem lúpulo na sua receita, mas sim chimarrão, aveia, arroz, losna, zimbro, semente de coentro, erva-mate torrada e mel. E até mesmo a água usada é diferente: o trio optou por trabalhar somente com a que vem do coco e cidra de maçã.

“A ideia inicial era fazer alguma ação anti-Reinheitsgebot, quando fomos convocados pelo Sebastian Sauer, da Freigeist. A gente estava pensando em fazer um evento quando o André Junqueira, da Morada, teve essa ideia da anti-cerveja, que não leva nenhum ingrediente clássico”, conta Bernardo Couto, cervejeiro da Duas Cabeças, uma dos responsáveis pela criação.

É o cervejeiro que faz análise de como a Bizarro se saiu no copo. “Ficou mais legal do que eu esperava, para ser sincero. E acho que ela deve ganhar mais complexidade com o tempo [por conta da brettanomyces, tipo de levedura utilizada]. Ela tem uma leve acidez, corpo bem baixo, lembra um pouco o condimentado de uma wit ou saison, mas também tem um sal da água de coco, que aparece muito no retrogosto. Acabou, para mim, parecendo uma sour genérica, não muito ácida e não muito classificável. Ficou bem fácil de beber”, diz.

A Bizarro, no entanto, está muito longe de ser a primeira bizarrice cervejeira do mundo. Vejam só algumas outras excentricidades:

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    Ajuda na hora H

    Em 2011, em virtude do casamento do Príncipe William, a escocesa Brewdog, famosa justamente pelo tom inventivo e, por vezes, provocativo de suas ações, resolveu criar uma cerveja que pudesse dar uma força para o nobre na hora H. Assim surgiu a Royal Virility Performance, que, dentre outros afrodisíacos, leva o princípio ativo do Viagra em sua receita.

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    Álcool à beça

    É da Brewdog também a End of History, cerveja que surpreende por alguns fatores: o primeiro é que, quando foi lançada, era considerada a mais alcoólica do mundo, com teor de 55%. Para se chegar a esse número impressionante para uma bebida fermentada, o líquido passou por diversas etapas de congelamento para que a água se solidificasse e pudesse ser retirada, aumentando assim a concentração das outras substâncias. No entanto, a bizarrice ? com nuances de mal gosto ? está na maneira que as limitadas garrafas foram apresentadas ao público: acondicionadas dentro de animais mortos e empalhados, que faziam as vezes de rótulo.

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    Cerveja de pizza

    Manjericão, orégano, tomate e alho. Bons ingredientes para se ter numa pizza, não? Um casal de Campton Township, no Illinois, Estados Unidos, também acha. Porém, apaixonados tanto pelas redondas quanto por cervejas, resolveram juntar os dois em uma só bebida: assim nasceu a Mamma Mia Pizza Beer - sim, uma cerveja de pizza.

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    Quanto mais quente melhor

    É senso comum que a melhor cerveja é aquela servida estupidamente gelada. Sabemos também que, de fato, essa regra se aplica a somente alguns estilos da bebida, para outros, temperaturas um pouco mais elevadas caem bem. Entretanto, os suíços da BFM levaram esse conceito de "cerveja quente" ao extremo e criaram a La Dragonne, cuja temperatura de serviço recomendada é algo entre 43ºC e 48ºC.