Padeiros renomados testam seis panetones às cegas e elegem o favorito

A cada Natal, mais variedades de panetones são disponibilizadas no mercado. Esse pão de origem italiana muito lembrado nesta época do ano leva frutas cristalizadas em sua versão clássica e tem sabor e aromas característicos. Nos meses de novembro e dezembro, novas marcas aparecem e escolher a mais gostosa nem sempre é uma tarefa simples.

Pensando nisso, o UOL Comidas e Bebidas convidou três padeiros renomados de São Paulo para degustar, às cegas, seis panetones comercializados em suas versões tradicionais. De olhos vendados e sem saber previamente quais eram as marcas escolhidas, Rogério Shimura, Julice Vaz e Rafael Rosa deram suas notas, que variaram de 0 a 5 e cuja média você vê no quadro abaixo.

O preferido dos três jurados, o panetone da Casa Suíça foi considerado por Rosa, padeiro da PÃO -Padaria Artesanal Orgânica- , o mais equilibrado, com textura e gosto bons. O especialista destacou ainda a quantidade de frutas (“Bastante. Quem gosta de frutas vai gostar!”) e o aroma: “É o que eu mais gostei”, concluiu. Ainda que tenha sido seu favorito, Julice criticou o produto. “Gostoso, úmido, não é seco, mas muito artificial”, afirma. Shimura, por outro lado, elogiou o sabor do pão e arrematou dizendo: “Muito molhadinho. Aroma certo, quantidade de açúcar boa”. 

Para Shimura, o produto da Bauducco "só peca por ter poucas frutas cristalizadas", mas vai bem no aroma e no sabor. "Poderia ser um pouco mais doce", diz o chef. Julice Vaz, da Julice Boulangère, entretanto, discorda, dizendo que o pão é "muito artificial", apesar de ter aprovado a massa, que considerou macia. Rafael Rosa, da PÃO, elogiou o sabor - "tem um gosto bem característico de panetone" – e a textura da massa – "boa, macia e pesada, o que é bom para um panetone".

“Não é gostoso. É muito seco e tem gosto artificial”, afirmou a especialista sobre o produto do Empório Santa Maria, opinião oposta à do padeiro da PÃO. “Lembra um panetone e tem um sabor com mais equilíbrio”, diz Rosa, que elogia ainda o aroma do produto, para o qual deu nota máxima: "Mais suave, sem muita essência”. A opinião Shimura, proprietário da R. Shimura Panificação e Consultoria,  entretanto, vai ao encontro da de Julice: “Não curti, está muito amargo. Poderia estar um pouco mais úmido e a essência está muito ruim”.

Apesar de ter criticado a baixa quantidade de frutas e o aroma industrializado, Shimura aprovou o sabor do Visconti: “Docinho, muito saboroso”, disse. Para Julice, o problema aqui foi o exagero na essência e o sabor industrial. “Ele é gostoso, mas é muito artificial", no que concordou Rosa. “Deixa um pouco a desejar. Exageradamente doce e tem um gosto um pouco artificial”, afirma o padeiro, que elogiou, apesar disso, o aroma do produto, "bem típico de panetone".

“Aroma e sabores que não combinam e brigam entre si”, disse Julice sobre a guloseima da Bráz, que também não agradou o dono da R. Shimura Panificação. “Está cheirando muito a álcool. Não tem cheiro de panetone, lembra muito pouco”, criticou Shimura. O padeiro considerou a massa “muito rígida e compacta” e o sabor muito amargo. “Achei muito enjoativo, doce no geral. Tem um gosto meio artificial”, opina Rosa.

“Não tem aroma de panetone. Parece um bolo, um bombom... Tem aroma de bombom, de chocolate da infância”, afirma Rosa sobre a guloseima da Kopenhagen."Quando eu mordo, sinto gosto de gordura hidrogenada. Não gostei”, completou. Para Julice, o produto foi mal em relação a aroma e sabor. "É o menos gostoso de todos”. Shimura fez uma avaliação semelhante, criticando o aroma do pão. "Não tem cheiro, está muito fraco o aroma de panetone", disse, ressaltando que o produto não é "tão doce, mas é um pouco amargo no final”.