Topo

Utensílio permite levar cerveja ou chope "para viagem"

Joana Santana

Do UOL, em São Paulo

22/02/2013 15h46

Não é novidade que o mundo cervejeiro brasileiro está em plena efervescência, sempre borbulhando de boas notícias. Uma das manias mais recentes vem resolver uma necessidade muito antiga: levar cerveja artesanal para casa. Growler é o nome do recipiente próprio para isso, que pode ser de vidro ou de cerâmica, com tampa de rosca ou de flip, e tem capacidade média de dois litros. Embora o serviço ainda esteja disponível em poucos lugares, tudo indica que a oferta deve crescer bastante.

“O primeiro growler que vi no Brasil foi o da Eisenbahn, há uns 7 ou 8 anos. Na fábrica eles incentivavam o cliente a comprar e encher para levar para casa”, lembra Edu Passarelli, autor do blog Edu Recomenda e dono da filial paulistana do Aconchego Carioca. “Era chamado de Bier Siphon, nome usado na Alemanha”, completa. Segundo a revista Beer Advocate, o termo “growler” imita o som feito pelo gás que ia escapando do chope pela tampa dos seus antepassados metálicos, ainda no fim do século 19.

O funcionamento continua tão simples quanto na origem. A pessoa compra o recipiente e, sempre que quiser, pode levá-lo para encher direto na cervejaria, no bar, no pub ou qualquer outro lugar que venda chope no barril. A ideia é que seja perto de casa (pela praticidade), mas o dono do growler também pode aproveitar o fim de semana para ir mais longe em busca daquela bebida especial. Dependendo da vedação da garrafa e do seu nível de exigência, o conteúdo dura entre dois e sete dias na geladeira.

Ilustre desconhecido
A princípio, é grande a chance de você ter de convencer seu fornecedor predileto a encher seu growler, mas há que se começar de algum lugar. “Um dia teremos cultura cervejeira suficiente para dispor de uma rede de abastecimento de tamanho razoável”, aposta Bob Fonseca, jornalista especializado no assunto. “Com o gás natural combustível também foi assim: no começo, era preciso rodar quilômetros a fio para abastecer o carro”, compara.

Para corrigir isso, a rede de franquias Mr. Beer se prepara para entrar no jogo. Um growler próprio, confeccionado em cerâmica e com tampa de flip, estará à venda a partir do mês que vem nas lojas de São Paulo. Além disso, será possível encher o seu garrafão de qualquer marca em todas as unidades da marca que têm chope artesanal disponível. “Queremos justamente suprir essa demanda de bairro, para que a pessoa passe no domingo de manhã a caminho da padaria, deixe o growler vazio, e o recolha cheio na volta para casa”, exemplifica Humberto Ribeiro, diretor da rede.

Para comprar o recipiente...
Além do growler da Mr. Beer, que será vendido nas lojas próprias por R$ 99, o Empório Alto dos Pinheiros também tem sua versão em cerâmica, que sai por R$ 65, assim como a Eisenbahn, com um modelo que custa R$ 75 na loja online. Entre os importados, os mais comuns são os da Rogue, que podem ser encontrados na Cervejaria Nacional, no Almada’s e nos Empórios Sagarana, Santa Therezinha e Alto dos Pinheiros, pelo preço médio sugerido de R$ 35. Nestes mesmos pontos de venda, a importadora Tarantino Beer promete para breve o growler da escocesa BrewDog, com capacidade de 1,2 litros e preço sugerido de R$ 90.

E existem ainda as garrafas de cerveja que têm capacidade semelhante e podem ser utilizadas para o mesmo fim depois de bebidas. A garrafa de Christoffel sai por R$ 189 no EAP e por R$190 no FrangÓ, que vende também a Flensburger por R$ 199. Procure também pela versão de dois litros da gaúcha Abadessa Export, que anda sumida em São Paulo, mas pode estar disponível na sua cidade.

...para encher o recipiente
A maioria dos estabelecimentos que vendem chope ainda cobra o preço cheio pelo líquido, ou seja, para encher um growler de dois litros paga-se o preço equivalente a quatro copos de 500 ml bebidos na casa. No FrangÓ e no EAP, por exemplo, é assim.

Já a Cervejaria Nacional concede um desconto de cerca de 40% sobre o valor do chope bebido in loco: dois litros de qualquer um dos chopes próprios saem por R$ 39. O Clube do Malte, em Curitiba (PR), dá 10% de desconto; nesse mesmo volume o valor do chope Chicago Blues, por exemplo, sai por R$ 35.  

Prós e contras
Nas palavras de Patricia Reali, gerente da Nacional, a maior vantagem do growler é levar sua cerveja favorita para casa, enquanto a única desvantagem é ter de bebê-la rapidamente. “Para não perder frescor e aroma, o chope deve ser consumido em dois dias, no máximo”, avalia. Para Passarelli, no entanto, essa duração não passa de um dia. “Ainda existe a questão da contaminação, já que nem sempre a assepsia é feita corretamente”, justifica ele.

Seja como for, a dica de ouro na hora de encher o growler é experimentar. "Prove antes de encher: se estiver com um sabor desagradável ou metálico, melhor não levar dois litros", arremata Bob.