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Comparação entre cerveja e vinho revela mais semelhanças que diferenças

Ambas são bebidas fermentadas, de médio teor alcoólico, e milhares de anos de história - Thinkstock
Ambas são bebidas fermentadas, de médio teor alcoólico, e milhares de anos de história Imagem: Thinkstock

Joana Santana

do UOL, São Paulo

19/04/2013 07h00

Cerveja e vinho são duas bebidas alcoólicas, produzidas a partir da fermentação, e são consumidas há milhares de anos pela humanidade. "Ambas possuem grande volume de água e apresentam potencial alcoólico mediano, mas a cerveja apresenta mais proteínas e carboidratos", compara Manuel Luz, sommelier de vinhos, colunista da revista Menu e gerente de conteúdo da Wine. "As duas ainda compartilham a paleta de aromas e sofrem até dos mesmos problemas", completa. 

Apesar disso, no imaginário das pessoas ainda persiste a ideia de que a cerveja seria, de certa forma, inferior. Para o bem e para o mal, no entanto, já que há quem ache o vinho sofisticado, mas há quem o veja apenas como esnobe. "O vinho segrega e a cerveja agrega", resume Ronaldo Rossi, chef, sommelier de cervejas e dono da Cervejoteca, sobre o estranhamento que tantos sentem diante dos rituais que costumam acompanhar espumantes, tintos e brancos.
 
Para Charles Bamforth, professor de cervejaria no departamento de Ciência e Tecnologia Alimentar da Universidade da Califórnia (EUA), vinho e cerveja têm muito o que ensinar um ao outro. "O fabricante de cerveja deveria aprender como estabelecer seu produto como parte de uma vida saudável e longa. O produtor de vinho deve reconhecer que a fabricação cervejeira é superior em termos tecnológicos e científicos", atesta, em seu livro "Vinhos versus Cervejas – uma comparação histórica tecnológica e social" (Editora Senac).
 
 
Preço e valor
"As cervejas, mesmo as mais especiais, são um luxo mais acessível", destaca Cilene Saorin, mestre cervejeira e sommelier de cervejas. "A cerveja de qualidade é sempre mais barata que o vinho de qualidade", concorda Ronaldo. Mas a despeito do que dizem os especialistas sobre as semelhanças entre ambas, o consumidor que decidir gastar R$ 50 com uma das duas bebidas terá de escolher entre uma cerveja tida como excelente ou um vinho considerado mediano. 
 
Do ponto de vista da produção, algumas diferenças básicas ajudam a explicar a diferença de preços. "A cerveja é feita com ingredientes que podem ser estocados e transportados para o mundo todo, enquanto o vinho é feito com a uva, que é cultivada o ano todo e só é colhida no verão", explica Manuel. "Além disso, uma cervejaria pode ser aberta em qualquer lugar, mas a vinícola precisa ser vizinha do vinhedo, o que encarece o produto", aponta.
 
Por outro lado, os valores exorbitantes a que alguns vinhos podem chegar têm mais a ver com marketing e especulação. "Tradição e fama supervalorizam alguns produtores e o vinho acaba sendo vendido como capital cultural, movimento que eu combato", declara ele. "Com o mercado de cervejas aquecido como está, já começa a haver pressão no sentido de aumentar preços como forma de se diferenciar da concorrência", identifica Cilene. 
 
Noves fora
O duelo imaginário entre cerveja e vinho só tem um vencedor possível: aquele que passa longe da polêmica e abre mão dos preconceitos. "Inteligentes são os que aproveitam das qualidades de um e de outro, ambos essenciais à mesa", decreta Cilene. Parafraseando o que diz Ronaldo sobre a cerveja, "bebida boa só não combina com gente chata". E viva a diferença!