Baguetes tradicionais francesas perdem público e mudam de aparência
A baguete, um dos símbolos da culinária francesa, está mudando de cara –para o desespero dos padeiros tradicionais. A receita mais conhecida, com casca crocante e miolo aerado, está perdendo espaço para pães mais macios, assados por menos tempo.
Na França, as baguetes têm sua receita protegida por uma lei federal desde 1993, mas o tempo de preparo fica a cargo dos produtores. Enquanto os padeiros artesanais afirmam que o tempo ideal de forno é entre 20 a 25 minutos, as novas baguetes assam em média por 15 minutos, o que resulta em um miolo mais macio e uma casca pálida e fácil de cortar.
Esse tipo de pão perde em sabor e pode causar dor de estômago, já que não foi cozido completamente. No entanto, esses problemas não parecem afetar as vendas: em algumas das padarias mais movimentadas de Paris, os pães menos assados respondem por até 90% das vendas diárias, de acordo com reportagem do “Wall Street Journal”.
Propaganda para aumentar as vendas
Os “boulangers” franceses lutam para mudar o gosto da clientela e manter a tradição dos pães artesanais, um dos orgulhos do país. O esforço não é apenas para salvar a reputação do produto, mas também suas vendas, que vem caindo continuamente desde os anos 1970.
Recentemente, o sindicato dos padeiros veiculou uma campanha publicitária em 130 cidades, com direito a slogans nos pacotes de pão e cartazes espalhados pelos principais centros comerciais do país. A ideia é reverter não só a redução no consumo, mas também a queda na qualidade –muitos padeiros reclamam da competição desigual com redes de supermercado, que oferecem um produto mais barato, escapando da lei que regulamenta os ingredientes dos pães.
Outra ação é conversar com os clientes e até abrir as portas da cozinha para mostrar como as baguetes são feitas, e porque elas precisam ter a casca crocante. Segundo os padeiros, seu papel é educar o público, que não sabe reconhecer o melhor produto
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