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Insetos são estrelas de cardápio em restaurante premiado na França

Do UOL, em São Paulo

16/10/2013 17h05

Insetos no prato? Em alguns bares e restaurantes franceses, quando isso acontece, não é caso de chamar a Vigilância Sanitária –grilos, gafanhotos e outros bichos são parte do prato principal.

Na cidade de Nice (sul da França), o chef David Faure, do restaurante Aphrodite (uma estrela no famoso guia “Michelin”), lançou em abril deste ano um menu com itens como foie gras com crocante de grilos e mousse de ervilhas com larvas de bicho-de-farinha (um tipo de besouro), entre outros. O menu de cinco pratos, que custa 59 euros (cerca de R$ 170), foi criado por Faure após uma viagem à Ásia, onde o consumo de insetos é comum.

"O uso de insetos na dieta pode ser uma alternativa para resolver os problemas de nutrição que afetam a população mundial", escreve Faure no site do Aphrodite. "Não tenho interesse em trabalhar com insetos somente pela publicidade, mas sim para encontrar um sabor coerente, uma história para contar no prato, e creio ter conseguido atingir esse objetivo." 

Já em Paris, o bar Le Festin Nu oferece desde o começo de outubro pratos como percevejos-d’água desidratados, servidos com grãos de romã e alho negro, e bicho da seda com batatas, entre outros.

De acordo com o chef do Festin Nu, Elie Daviron, os invertebrados servidos na casa, todos desidratados, são criados em cativeiro e custam 500 euros (cerca de R$ 1.400) o quilo. “Não queremos nos tornar um bar de insetos, mas sim propor aos clientes uma nova experiência gastronômica”, explicou o chef ao jornal “Le Monde”.

“Trata-se de procurar como integrar os insetos, cujas notas de sabor são novas para nós, ao sistema que já conhecemos”, diz Daviron.

Fazenda de insetos
A ideia de produzir insetos para consumo humano já começa a ser melhor organizada. Na Holanda, um centro internacional reúne 15 empresas e universidades que pesquisam a produção e comercialização desses animais para a alimentação humana.

Um produtor de Toulouse (a 676 km de Paris) trabalha desde 2011 com esse tipo de mercado. Cédric Auriol comanda a Micronutris, que cria grilos e bichos-da-farinha para consumo humano em uma área de 650 metros quadrados e que fornece os insetos que são servidos no restaurante Aphrodite.

“É um mercado pequeno, mas que se desenvolve rapidamente”, explicou Cédric ao “Le Monde”. “No momento, fornecemos apenas pela internet, mas estamos com vários contratos prontos para grande distribuição.” Entre os produtos com lançamento para o fim do ano estão barras de cereais à base de farinha de insetos. 

No Brasil, a ideia de comer insetos não é tão estranha. Formigas saúva já viraram ingrediente de uma cerveja artesanal e surgem em pratos do renomado chef Alex Atala, que conheceu a iguaria no Norte do país. Já em Minas Gerais, uma empresa está testando a produção de pão de queijo com larvas e grilos cobertos com chocolate