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Segundo melhor restaurante do mundo se desculpa por ameaçar estagiários

René Redzepi, chef do restaurante Noma (Dinamarca) - APEGA - Sociedad Peruana de Gastronomia
René Redzepi, chef do restaurante Noma (Dinamarca) Imagem: APEGA - Sociedad Peruana de Gastronomia

Do UOL, em São Paulo

31/10/2013 20h10

René Redzepi, chef do estrelado restaurante Noma, na Dinamarca, foi obrigado a pedir desculpas publicamente por ameaçar seus estagiários.

O objeto da polêmica é uma “lista negra internacional”, na qual os novatos seriam incluídos se não cumprissem os três meses mínimos de contrato com a casa ou caso se revelassem, via blog, suas experiências trabalhando no local.

Esse aviso era parte de uma carta de apresentação do Noma, distribuída aos estagiários antes do começo de seu contrato. Entre as instruções, estavam regras como trazer suas próprias facas, respeitar os colegas e não usar celulares na cozinha durante o expediente.

No entanto, a carta -que foi enviada por um ex-funcionário do Noma ao jornal dinamarquês “Jyllands-Posten”- explica que “somente circunstâncias extraordinárias” podem servir para quebrar o contrato de três meses com o restaurante, considerado o segundo melhor do mundo na influente lista da revista britânica "Restaurant".

Nada de lista negra
“Terminar seu estágio antes do período mínimo sem consentimento ou simplesmente não aparecer mais vai resultar na inclusão do seu nome em uma lista negra, que será compartilhada com outros restaurantes ao redor do mundo com quem temos um bom relacionamento”, dizia o documento.

O gerente-geral do Noma, Peter Kreiner, disse ao jornal “DR Nyheder” que a referência a uma lista negra foi um “erro claro” e que ela foi parar na carta porque a linguagem “foi inspirada em cartas enviadas por outros restaurantes". 

Em outra entrevista, desta vez para o site norte-americano "Eater", Kreiner esclarece que a carta foi elaborada por um dos cozinheiros do Noma, responsável pelo programa de estágio do restaurante. “Nós certamente não temos uma lista negra”, explica. “Em geral, eu monitoro esse tipo de coisa, mas não peguei esse erro. Sinto muito pelos problemas que isso possa ter causado para esse meu cozinheiro e para a equipe.”

No site do Noma, uma carta assinada pela equipe reforça a informação de que ninguém é ameaçado. "Na seção que deveria descrever o nível de engajamento que procuramos em nossos estagiários para que possamos manter uma cozinha estável, nós infelizmente utilizamos o termo 'lista negra'", diz o texto.

"Ao contrário do que pode parecer, no fim do dia somos apenas um restaurante com 40 lugares e não uma grande companhia estruturada, então coisas como essas passam despercebidas. Mas quando encontramos um problema, nós o resolvemos, como foi o caso".

A chef Renata Vanzetto, do restaurante Marakuthai, estagiou no Noma em 2011 e diz que "não tinha essa história de lista negra, pelo menos nunca vi. O que acontece é que o Noma é um local muito rígido, muito puxado e o pessoal desiste  no meio do caminho. Por exemplo, junto comigo começaram mais quatro estagiários e só eu fiquei até o final", esclarece.