Topo

"Michelin" anuncia guias de restaurantes em SP e no RJ em março de 2015

Roberta Malta

Do UOL, em São Paulo

27/05/2014 14h23

O guia "Michelin", uma das publicações mais respeitadas da gastronomia mundial, ganhará uma versão brasileira a partir de 2015.

O anúncio foi feito nesta terça-feira (27) no salão Nobre da Sala São Paulo por Michael Ellis (diretor internacional dos guias Michelin), Damien Destremau (vice-presidente da Michelin na América do Sul) e o chef francês com uma estrela no guia Cyril Lignac, do Le Quinzième, em Paris.

O trio esteve na cidade para falar sobre o lançamento dos guias Rio de Janeiro e São Paulo, primeiras cidades avaliadas na América do Sul, para março de 2015.

Ellis ressaltou a importância que a cozinha brasileira vem ganhando no mundo, além de sua singularidade e da riqueza de ingredientes no país. “As bases desse desenvolvimento estão no Rio e em São Paulo, cujas culinárias são consideradas algumas das mais dinâmicas na paisagem gastronômica mundial”, disse o diretor.

Ainda que afirme que uma das melhores comidas que provou por aqui foi uma moqueca em um restaurante de praia na Bahia, Ellis não tem previsão para o lançamento do guia em outros estados nem em nenhum outro país na América do Sul. “Por enquanto, estamos concentrados nessas duas cidades.”

Clientes comuns
Um tanto escorregadio nas respostas, Ellis não conseguiu responder quantos restaurantes estarão na publicação nem por quanto ela será comercializada. Não disse também se a redação terá uma sede por aqui nem se haverão, no futuro, avaliadores brasileiros.

Por enquanto, os "inspetores" (como o guia "Michelin" se refere à equipe de avaliação) são todos espanhóis que falam português, profissionais de gastronomia que não se apresentam e pagam a conta como clientes comuns.

Segundo ele, a avaliação vai ser feita exatamente como na França -onde o guia foi lançado há mais de cem anos- no continente norte-americano e na Ásia. Os quesitos a serem notados são: o ingrediente, o cozimento (que tem que ser perfeito), o equilíbrio dos sabores e a regularidade (os avaliadores fazem várias visitas ao mesmo restaurante).

Também são levados em consideração a personalidade que o chef imprime nos pratos e a relação custo X benefício. “Não vamos julgar apenas os restaurantes de alta cozinha. Existe muita coisa boa feita em lugares simples”, diz.

O lançamento em território verde-amarelo, em papel e também na versão digital, não é por acaso, e segundo Damien, nada tem a ver com os grandes eventos que o Brasil irá sediar e sim com uma campanha de lançamento de novos pneus –atividade principal da marca Michelin.

O chef Cyril garante que a única estrela que pontua seu restaurante mudou sua vida. “É a confirmação de que você faz parte do seleto grupo fechado de grandes chefs”, afirma. Para ele, a publicação eleva o nível das cozinhas, que querem sempre melhorar, na espera da visita dos avaliadores no ano seguinte.

Ellis foi taxativo ao falar sobre a lista 50 Best, criada pela revista britânica "Restaurant", que elege os melhores restaurantes do mundo e tem rankings locais na Europa, América Latina e na Ásia. O evento supostamente teria tirado a importância do guia "Michelin" no cenário gastronômico mundial.

“Fazemos coisas diferentes, essa é só mais uma facção do nosso trabalho”, diz. E alfineta: “A maioria das casas dessa lista estão pontuadas pelo Guia Michelin.”