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Comida a vácuo ganha espaço por manter o sabor e ser fácil de fazer

Roberta Malta

Do UOL, em São Paulo

09/06/2014 07h00

Cada vez mais as pessoas gostam de comer bem, fugir do feijão gelado quando chegam do trabalho ou do pão da manhã que já está duro, duro. Por outro lado, cada vez menos essa gente tem tempo (ou disposição) de encarar o fogão depois de um dia pesado no escritório.

A solução está nas lojas que vendem comida caprichada a vácuo, que pipocaram em São Paulo e já estão ganhando o resto do país. Eles podem parecer feias quando esmagadas naquele saco plástico grosso, mas depois de uns minutinhos na água fervente viram lindos pratos e é possível comer em casa com todo o estilo, como se estivesse no restaurante.

“No começo as pessoas estranharam”, diz Felipe Raposo, sócio-proprietário do paulistano Amüse Food Store. “Achavam que era mágica, me perguntavam: ‘isso aí vai virar um pato?’”, diverte-se. “Como se fosse comida de astronauta”, compara. Hoje, já é comum famílias levarem o estoque para a viagem de fim de semana ou para receber convidados em casa. “É diferente de esquentar, por exemplo, no micro-ondas. Dessa forma, o alimento não perde a umidade nem a textura.”

Apesar de bem servidos, os pratos não exatamente são baratos –no Amüse, as carnes variam entre R$ 25, a porção individual de sobrecoxa de frango ao açafrão com ervilhas frescas, e R$ 48, a paleta de cordeiro assada, e os acompanhamentos entre R$ 10 (o miniarroz de mãe), e R$ 18 (o purê de batata trufado)- mas dá para fazer um charme em um fim de semana ou em um momento de pura preguiça e fome de comida gostosa.

Se arriscando
Quem trouxe a moda, já comum em outros países da Europa e nos Estados Unidos, para São Paulo foi o empório Eat. Foi lá que Wanderson Medeiros, chef do W Empório Café e Bistrô , se encantou por esse tipo de negócio. Provou tudo e decidiu abrir uma casa parecida em Maceió, a primeira do Nordeste.

"Estive agora em Recife e vários colegas disseram que querem vir aqui pra ver como é que se serve comida assim”, diz. Mas, se não foi fácil em São Paulo, imagine no Nordeste. “Até hoje esse é um conceito muito novo”, diz Wanderson. As pessoas perguntam se a comida não vai ficar com gosto de plástico, se o molho não vai se espalhar na água, se a receita já está pronta. “Elas ficam muito confusas.”

Mas Wanderson não desanima. Já conquistou uma clientela cativa, criou uma linha sem glúten nem lactose, um vídeo explicando todo o processo de aquecimento e em breve vai inaugurar o serviço de delivery. “Aos poucos, o público está se arriscando.”

E quem experimenta gosta. É o que comprova Maria Regina César, sócia-proprietária do Damádalê, em São Paulo. “A receptividade é sempre muito boa”, afirma. Segundo ela, as pessoas estranham a quantidade de cada item. “O arroz, por exemplo, parece pouco, mas é porque o vácuo faz a porção parecer pequena”, diz. Depois de aquecidos, os grãos ocupam metade de um prato, garante Maria Regina. "O ideal é pegar dois ou três itens. Tem gente que pega quatro e depois vê que é comida demais”, conta.

Outro aspecto que tem agrado ao público é o fato de a comida não conter conservantes, e por isso ser sempre fresca. “É do jeito que é armazenada nas cozinhas dos restaurantes”, diz Maria Regina. “O que estamos fazendo é levando esse processo para as mesas.” Quer mais? Não suja nada, nem a panela usada.