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Chefs franceses fazem petição contra críticas "difamatórias" na Internet

Críticas anônimas de restaurantes podem ter regulamentação na França - Getty
Críticas anônimas de restaurantes podem ter regulamentação na França Imagem: Getty

Do UOL, em São Paulo

27/08/2014 17h16

Mais de 1.700 chefs franceses assinaram uma petição para banir críticas consideradas ofensivas a restaurantes e hotéis em sites especializados. 

O texto da petição, que será enviada ao Ministério do Comércio do país, pede a proibição de "comentários difamatórios e julgamentos subjetivos sobre os membros das equipes de nossos restaurantes" e exigem que os sites façam uma moderação prévia dos textos, incluindo a exigência de provas de que os comentaristas estiveram, de fato, no estabelecimento resenhado. 

O documento é lançado poucos meses depois que uma blogueira foi condenada a pagar R$ 4.500 por ter publicado um texto criticando um restaurante Cap-Ferret (a 643 quilômetros da capital, Paris).

A autora do texto descreveu o lugar como "um local a ser evitado", depois que ela teve problemas com o atendimento que não foram solucionados pela gerente - que, por sua vez, entrou com um processo alegando que o post estava arruinando a reputação da casa.

Pagos para reclamar
Alguns dos chefs que assinaram o documento explicam que as páginas especializadas em análises do público sobre restaurantes são, muitas vezes, manipuladas para fazer com que um determinado local pareça pior (ou melhor) do que ele é realmente.

"Eu sei que um competidor direto meu paga estudantes para escrever comentários negativos sobre o meu negócio", conta Dan Hamon Serval, um dono de bar em Estrasburgo (norte da França) ao jornal "Local". 

A preocupação também se baseia em números: um estudo de um departamento governamental dedicado a fraudes diz que cerca de 45 por cento das críticas online são falsas. No entanto, de acordo com o jornal "Le Figaro", nove em cada dez franceses utilizam estes mecanismos de busca na hora de procurar um restaurante - e 89% dos entrevistados consideram as ferramentas úteis. 

"É preciso haver uma moralização", diz Didier Chenet, presidente do Sindicato Nacional de Hotéis e Restaurantes ao "Le Figaro". "Não desejamos proibir as críticas, mas sim as controlar melhor".