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Pequenos Notáveis: refeições em potes viram moda em SP

Vidro de tabule de quinoa vendido pela S Simplesmente, em São Paulo - Luna Garcia/Divulgação
Vidro de tabule de quinoa vendido pela S Simplesmente, em São Paulo Imagem: Luna Garcia/Divulgação

Anna Fagundes

Do UOL, em São Paulo

07/10/2014 12h28

Eles são práticos, recicláveis e portáteis - e agora carregam refeições completas. Inspirados nas "verrines" francesas e nos "jar cakes" norte-americanos, lojas em São Paulo comercializam saladas, sopas, bolos recheados e até feijoada em potinhos, prontos para consumir.

A praticidade de armazenamento encantou o chef francês Nicolas Barbé, que vende pratos típicos de seu país em potinhos de 300 g. Podem ser guardados por até três meses sem necessidade de refrigeração.

"Comecei a fazer para mim mesmo, porque alguns dos meus pratos preferidos são demorados de fazer", conta Barbé. "Então comecei a utilizar o sistema de conservas, inspirado no que minha avó fazia. Assim, se quisesse comer o que tinha saudade, era só abrir o pote, não precisava começar do zero".

Conterrâneos do chef em São Paulo começaram a encomendar os "petit pots" e hoje Barbé vende iguarias como cassoulet (cozido feito com porco e feijão branco), paella, tagine de cordeiro com ameixas e feijoada em potinhos. No último mês, ele chegou a vender 300 unidades e recebeu propostas de lojas para expor seus produtos. "É tudo bem tradicional, faço tudo em casa mesmo", explica o chef.

Saudável de bolso
Por sua vez, o também francês Charles Piriou, radicado há dez anos no Brasil, apostou em produtos sem glúten e com pegada mais saudável com a S Simplesmente. Na recém-inaugurada loja, os potes trazem saladas como tabule de quinoa, cremes de abóbora e gengibre ou biscoitos de pistache, tâmaras e chia, entre outros. O cardápio é assinado pelo chef Thiago Medeiros, especializado em culinária vegetariana.

"Fizemos uma pesquisa dentro e fora do Brasil e identificamos a tendência do 'grab and go', a comida que você pega pronta e leva com você", diz Charles. "Prezamos uma alimentação saudável sempre, não como um produto de luxo. Mas é algo difícil de encontrar no mercado, onde você é rodeado de opções não tão boas". 

Os potes de vidro fazem parte da filosofia da empresa, que doa um real para o Instituto Ayrton Senna para cada embalagem devolvida pelos clientes. "A ideia do vidro é simples e visualmente bonita. É um pouco mais custosa, mas vale a pena". 

Comendo com os olhos
Como o produto está bem à mostra, um prato mais bonito sempre acaba chamando a atenção. Nessas horas, ser fofinho conta pontos a favor.

Jar Cakes, bolos vendidos em potes pela Lily Cake Shop, em São Paulo - Divulgação - Divulgação
Jar Cakes, bolos em pote vendidos na Lily Cake Shop, em São Paulo
Imagem: Divulgação

É o caso dos Jar Cakes, um dos carros-chefes de Michael Arruda, chef da doceria Lily Cake Shop. Trata-se de um bolo com duas camadas, recheio e cobertura - e com cerca de oito centímetros de altura. Inspirado em produtos que viu nos Estados Unidos, Michael produz os diminutos docinhos recheados como o de banana com Nutella e de cenoura com recheio de brigadeiro. 

"O legal é que dá para levar na bolsa e comer depois. Colocamos até uma colher junto na embalagem para ficar mais fácil", conta o chef, que expõe seus produtos em feiras gastronômicas e atende encomendas de empresas.  "É um brinde divertido e fácil de personalizar. O público sempre acha muito bonitinho e acaba se interessando em provar". 

O apelo visual também é uma preocupação de Ana Rita de Mello, da Nano Doces, uma das pioneiras na venda de doces em versão mini. "Temos essa história de comer primeiro com os olhos, então nada como uma sobremesa bem elaborada".

A Nano vende cerca de dez mil potes por mês, como cheesecakes, mousses e manjares. Os produtos, inspirados nas verrines francesas, surgiu a partir das viagens de Ana Rita pela Europa, após um momento complicado da vida: vítima de um tipo raro de câncer, ela trocou a comunicação empresarial pelas cozinha e acabou se interessando pelos doces em miniatura. 

A maior dificuldade da empresa de Ana Rita é justamente as embalagens. "Potes de vidro em si não custam tanto. Eles saem 10% mais caro do que a mesma embalagem em plástico, mas ajudam a aumentar o valor do produto. No entanto, há poucas opções disponíveis no mercado. Um pequeno empresário não tem como bancar isso".