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Feitos um para o outro: veja misturas que turbinam o Gim Tônica

Fernanda Meneguetti

do UOL, em São Paulo

16/01/2015 17h08

Um dos maiores clássicos da coquetelaria mundial, o casamento entre o gim e a água tônica vem de longe. Mais precisamente do século 18 – época em que o exército britânico colonizava a Índia e usava o gim para prevenir a malária e a tônica para disfarçar o amargor da bebida. De lá pra cá, o drinque sofreu milhares de adaptações e conquistou espaço em bares de todo o mundo. 

Depois de um período de baixa, no último ano ele voltou à cena com força total: foi o coquetel de verão mais consumido em Nova York. Esta volta havia acontecido antes na Espanha, já que Madri e Barcelona já haviam sido conquistadas por versões com o destilado, o refrigerante ligeiramente amargo, gelo, frutas e especiarias.

Londres também embarcou na moda: os “gin palaces”, bares que vendiam a bebida até o século 18, ressurgiram com versões com chás, ervas e até água de coco. No Brasil, os bares paulistanos não deixam por menos.

De flores a azeitonas
Motivos não faltam: em 2014 quatro marcas de gim de alta qualidade chegaram ao país - três delas inglesas. O Beefeater 24 (R$ 190 em média) e seus sabores complexos, como o de chá, grapefruit e laranja. O harmonioso Bulldog (R$ 100 em média), patrocinado por Anshuman Vohra, um ex-banqueiro da JP Morgan, com 12 ingredientes botânico para lá de chiques, caso de folhas de amêndoas espanholas, alcaçuz chinês e coentro marroquino. 

Já o The London N°1 (R$ 218 em média), de cor turquesa, é triplamente filtrado e tem teor alcoólico de 47%. Ao longe exala notas florais, como angélicas e acácias. Na lista figura ainda o argentino Príncipe de Los Apostoles (R$ 159 em média) com erva mate, hortelã e eucalipto, além do tradicional zimbro.

Antes deles, o mercado brasileiro já conhecia bons rótulos desse destilado de cereais, como o escocês Hendrick’s (R$ 210 em média) e suas notas de pepino e rosas e o francês Saffron (R$ 160 em média) com açafrão.

Gosto de mar, adocicado ou amargo?
Esse leque somado à criatividade dos barmen da capital garante dezenas de receitas bem frescas que agradam todo tipo de paladar.

Para quem prefere sabores azedos, como num mojito, os coquetéis cítricos estão por toda parte: o mestre Derivan faz no Bar Numero uma versão com o novo gim argentino, tangerina e grapefruit.

Rafael Pizanti prepara no Barê o Williamsburg, com notas de grapefruit e limão siciliano, enquanto Talita Simões mantém no Side o Up Side Down (feito com gim, licor de flor de saúco, limão siciliano e laranja kinkan). Já o português Vitor Sobral tem na Tasca da Esquina o “tónico” com pimenta da Jamaica, laranja e menta.

Gosta de bebidas como um adocicado cosmopolitan? Não hesite: Marcelo Serrano faz o Surya na Brasserie des Arts, usando melão e licor de lichia e a filial brasileira do novaiorquino Le Bilboquet serve o Afrodisiac, com morango, blueberries e alecrim.

Fãs de coquetéis salgados como dry martini e bloody mary serão felizes com criações como o Ginebra Mediterrânea, com bitter (espécie de concentrado alcoólico amargo feito com ervas, raízes e especiarias), tomate cereja, tomilho, manjericão e alecrim. Assinado pelo mixologista Márcio Silva para a Adega Santiago do Shopping Cidade Jardim, ele tem gosto de mar.

Mas se drinques com mais amargor lhe falam ao coração prefira versões com bitters variados e especiarias. No Tigre Cego, por exemplo, a tônica é feita na casa com xarope caseiro de quinino. No Brexó, há receita com gengibre e infusão de especiarias. Nessa linha, mas com suavidade, há também a Super Tônica (R$ 36) do Maní, cujo diferencial é o gelo perfumado com zimbro, que realça o amargor da água tônica.

Para quem quiser arriscar algo no território do umami, o quinto sabor, o bartender italiano Fabio la Pietra tem um drinque inovador, com infusão de açaí. A ousadia do NRG Tonic do SubAstor se justifica: o bar já serviu quase 20 versões de gim tônicas divididas em três cartas temáticas.