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Fornecedores nacionais são destaque de restaurante de Jamie Oliver em SP

O chef britânico Jamie Oliver: focando em pequenos produtores para restaurante em SP - Divulgação/facebook.com/JamiesItalianBrasil
O chef britânico Jamie Oliver: focando em pequenos produtores para restaurante em SP Imagem: Divulgação/facebook.com/JamiesItalianBrasil

Anna Fagundes

Do UOL, em São Paulo

06/03/2015 15h58

A origem é britânica, a culinária da casa é italiana, mas os fornecedores da primeira unidade do Jamie's Italian no Brasil são bem locais - e escolhidos a dedo.

No restaurante administrado pelo chef Jamie Oliver, na fase final de preparação para a abertura, a regra é trabalhar com ingredientes orgânicos e com uma cadeia de produção que garanta qualidade para todos, da fazenda até o produto final. A carne preparada por lá, por exemplo, é do tipo "free range" (em que os animais são criados soltos no pasto, sem uso de hormônios para crescimento rápido).

A busca pelos produtores começou bem antes do anúncio da vinda do restaurante no Brasil, em julho do ano passado. O chef executivo da casa, Lisandro Lauretti, se encarregou de encontrar fornecedores brasileiros desde o começo de 2014.

"Tivemos o primeiro contato com o Lisandro em fevereiro de 2014", diz Vanessa Mills, da rede de cafeterias Santo Grão, que irá fornecer um blend exclusivo da casa para o restaurante. "O processo de seleção e de produção é complexo, mas tivemos uma grande afinidade desde o começo".

Fundador da Santo Grão, o neozelandês Marco Kerkmeester explica que a equipe britânica fez questão de conhecer todos os detalhes da produção do café que será servido na casa. "Eles querem saber sobre tudo: como são as pessoas nas fazendas de café, como é feita a produção, quais os certificados", conta Marco. "Eles buscam sempre manter toda uma naturalidade no processo, sem esconder quem trabalha com eles. É uma grande troca de experiências".

Perdendo o sono
Para Luigi Loforese, um dos sócios da sorveteria Cremeria Vienna, a vinda do chef britânico para São Paulo rendeu um pouco de dor de cabeça. "Em dezembro passado, um representante do restaurante veio aqui para conhecer os produtos pessoalmente. Eu não dormia há três dias de tanto nervoso!", diz.

A preocupação foi dissipada depois que o representante de Oliver garantiu que tinha adorado o sorvete de chocolate orgânico da Amazônia preparado pelo italiano. "Ele disse que era o melhor sorvete que já tinha tomado na vida. Até pediu para levar para casa!", ri Luigi, que irá preparar seis sabores para serem servidos na casa, como morango com manjericão, caramelo salgado e manga.

"Eles estavam procurando qualidade e dando preferência para pequenos produtores", diz o empresário. "Tudo tem que ser natural, sem química".

Outra característica da rede é a formação dos funcionários. As quase cem pessoas que trabalham na casa tiveram treinamento com uma equipe vinda diretamente de Londres, para garantir que todos na brigada - do chef até o pessoal que lava pratos - tenham o mesmo nível de informação.

Até os fornecedores acabaram entrando na onda: a equipe do Santo Grão, por exemplo, trocou ideias e testou receitas no laboratório do restaurante. "Todo mundo é bem aberto", conta Marco Kerkmeester. "É totalmente aquela ideia do 'naked chef' ('chef sem segredos', em tradução aproximada do inglês)", referindo-se ao nome do primeiro livro e programa comandado por Oliver em 1999.

Quem espera a abertura da casa para pedir autógrafo ao chef televisivo, no entanto, terá uma pequena decepção: Oliver tem por costume não comparecer nas inaugurações dos restaurantes, justamente para não desviar o foco do evento.