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Suave e perfumado, limão siciliano dá um sotaque mediterrâneo aos pratos

Joana Santana

Do UOL, em São Paulo

07/04/2015 13h42

Cada vez mais presente na mesa dos brasileiros, o limão siciliano é pouco calórico, tem propriedades antioxidantes e, assim como outros limões, se presta a preservar e acentuar os sabores dos alimentos que acompanha. Mas o sabor suave e perfume inigualável fazem desse cítrico um coadjuvante de luxo, que pode roubar a cena. Pode estrelar uma refeição completa, emprestando suas qualidades a carnes, massas, sobremesas e até drinques.

A chef Daniela França Pinto, do Cortés, se diz aficionada. "O limão siciliano agrega sabor e é versátil, fica tão bom fresco quanto em compotas, em carnes, peixes e frutos do mar. Atualmente, estou em fase de usá-lo in natura, com casca e tudo", conta. As tais plumas de limão siciliano, que são fatias ultrafinas, escoltam lulas e camarões no sanduíche Poboy e acompanham o haddock defumado nessa tartine que leva pão miga como base. Ambos os pratos foram criados pela chef ainda no extinto Marcelino Pan Y Vino.
 
É também com a casca que se faz o limoncello, tradicional licor italiano. "Essa simples receita é uma relíquia de família, que meu pai trouxe da Sicília quando veio, ainda criança, para o Brasil", relembra Alessandra De Simone, da Cantina Arancini, onde o limão siciliano é servido em sucos, caipirinhas, pratos e sobremesas. Para quem prefere bebidas mais suaves, ela dá a seguinte dica: "aqueça água com açúcar até formar uma calda, espere esfriar e então misture com o limoncello para diluir".
 
Limão siciliano é, na verdade, uma denominação geral para esses cítricos que, se não são nativos da Sicília, encontraram na região o seu lar ideal. Claudia Piras, em seu livro "Culinária Itália", anota que eles se originaram provavelmente na Índia ou no Oriente e foram levados ao sul do país pelos árabes, entre os séculos XI e XII. De lá para cá, a cor amarelo-ouro dos limoeiros sicilianos tem sido cantada em verso e prosa por Goethe e outros poetas. Hoje a ilha é responsável por 90% da produção italiana da fruta, com destaque para o Femminello, variedade plantada em 80% do território siciliano. O "Grande Livro dos Ingredientes" lista o Eureka e o Amalfi como outros tipos importantes.
 
Ainda segundo o livro, o clima tropical brasileiro não é ideal para o limão siciliano, que floresce em regiões mediterrâneas e secas. Apesar disso, já existe uma pequena produção nacional. A Cantina Arancini, por exemplo, se abastece apenas com as frutas plantadas em chácara própria, produto de mudas trazidas da Itália por um amigo da família há quase uma década. "Primeiro tentamos plantar mudas nacionais, mas não ficamos satisfeitos com o resultado, de casca muito grossa e esverdeada. Quando trocamos pelas italianas, algumas morreram e as que vingaram só começaram a produzir no terceiro ano, mas hoje frutificam o ano inteiro", comemora.