ONG gastronômica brasileira é destaque em conferências internacionais

O chef curitibano David Hertz, fundador da ONG Gastromotiva, anda rodando o mundo para divulgar o trabalho do grupo, que treina jovens de comunidades no Rio de Janeiro e São Paulo para trabalharem como auxiliares de cozinha.

Após se apresentar no Canadá no palco do TED Conferences –conferência internacional que reúne visionários das mais diversas áreas tratando de temas de importância global, ele esteve em Washington (EUA) como uma das estrelas de uma discussão no Banco Mundial sobre o futuro da comida e da alimentação.

O curso criado por Hertz em 2006 aceita jovens de 18 a 35 anos, com renda de até três salários mínimos. A ONG já formou mais de 700 pessoas desde sua fundação, chamando a atenção de chefs internacionais como Daniel Humm, do Eleven Madison Park em Nova York, e Joan Roca, do espanhol El Celler de Can Roca. Os dois, recentemente, reverteram fundos de seus eventos em prol da causa.

Cozinha como libertação
Apresentando a origem e bases do projeto Gastromotiva em um contexto de descoberta e aceitação pessoal, David Hertz mostrou no TED Conferences o poder da gastronomia social, que consegue ultrapassar as barreiras raciais, sociais e sexuais. Hertz falou da falta de oportunidades que pessoas menos privilegiadas financeiramente tem no Brasil, da dinâmica das favelas e do impacto que o trabalho da Gastromotiva tem tido na vida de inúmeros indivíduos e comunidades.

Herz explicou também que, ao dar voz a pessoas discriminadas na sociedade, o movimento de Gastronomia Social ajudou muitos jovens a descobrir a si mesmos, construindo um futuro feliz e sendo intrumentos de mudança dentro de suas próprias comunidades.

Em entrevista para o UOL Comidas e Bebidas, David Hertz falou sobre sua apresentação na TED Conferences:

O que significa para a Gastromotiva a sua apresentação no TED conferences?
O TED é hoje o maior portal de comunicação de ideias que contribuem para mudanças positivas no mundo. A Gastromotiva vai firmando cada vez mais a sua missão global de promover o Movimento da Gastronomia Social. Todos trabalham para inspirar cada vez mais pessoas, independente de suas classes sociais, crenças e profiss?es a refletirem sobre o poder que a comida tem de transformar vidas e de gerar inclusão social.

Qual foi a percepção das pessoas presentes sobre a sua apresentação?
Muitas pessoas comentaram que não haviam percebido, até então, a possibilidade da comida ser um motor de transformação. Outros me falaram que entendiam perfeitamente, pois passaram por fases de profunda mudança e entendiam a entrega e a importância de viver o momento despertando seus potenciais. Senti entusiasmo por parte de todos.

O que você leva de volta ao Brasil desta experiência?
Tantas coisas…A rede de pessoas maravilhosas, visionárias, criativas e com um coração aberto que eu conheci são o maior legado. A cada conversa, encontro inusitado e palestra, eu pude relacionar com meu momento pessoal e profissional, descobrir novos caminhos que não tinha pensado e muitas ideias.