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Mercado de Pinheiros ganha nova cara em parceria com Alex Atala

O Mercado Municipal de Pinheiros existe desde 1910, mas só em 1971 mudou para o endereço atual, na rua Pedro Cristi - Débora Costa e Silva/UOL
O Mercado Municipal de Pinheiros existe desde 1910, mas só em 1971 mudou para o endereço atual, na rua Pedro Cristi Imagem: Débora Costa e Silva/UOL

Anna Fagundes

Do UOL, em São Paulo

01/03/2016 17h30

O Mercado de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, está mudando de cara: além de frutas, carnes e legumes, há também um grande "showroom" da culinária brasileira: boxes que vendem ingredientes de diversas regiões, em uma iniciativa capitaneada pelo Instituto ATÁ, ONG que promove a culinária sustentável criada pelo chef Alex Atala, 

Os espaços, abertos ao público nesta terça-feira (1), foram divididos entre Amazônia, Mata Atlântica, Pampas, Cerrado e Caatinga. As lojas são geridas em parceria com o Instituto Socioambiental, Instituto Auá, Central do Cerrado e grupo Quintana. O projeto é completado pelo box do Mocotó Café - filial em escala reduzida do premiado restaurante do chef Rodrigo Oliveira, que ocupa um espaço no mezanino do prédio desde o começo deste ano.

Ao todo, são mais de 600 produtos à venda, de tucupi e queijo marajoara vindos diretamente da Amazônia até óleo de pequi e mel dos índios do Xingu, passando por embutidos, geleias, farinhas e temperos. Além disso, está nos planos um calendário de palestras, degustações e workshops.

Alex Atala e o prefeito Fernando Haddad (PT-SP) visitam os boxes do Mercado Municipal de Pinheiros - Anna Fagundes/UOL - Anna Fagundes/UOL
O chef Alex Atala e o prefeito Fernando Haddad (PT-SP) visitam os boxes do Mercado Municipal de Pinheiros
Imagem: Anna Fagundes/UOL

Idas e vindas
A "invasão" dos cozinheiros no espaço fundado em 1971 entrou no radar do grande público em dezembro de 2014, quando a prefeitura de São Paulo anunciou uma parceria com o Instituto ATÁ, para implantar o projeto "Fortalecimento da Diversidade Gastronômica na Cidade de São Paulo". 

De acordo com Alex Atala, a ideia já vinha de longe: "Minha relação com este mercado não é de hoje. Começou logo após uma Galinhada que eu fiz no Minhocão [durante a Virada Cultural em 2012] que deu muito problema. Comigo, muita gente passou a detectar que a cidade carece de ações gastronômicas, já que isso faz parte do DNA de São Paulo." 

O projeto, porém, sofreu com atrasos nas obras de reforma do Mercado Municipal, que incluíram pintura, manutenção das redes hidráulicas e elétricas. "Tivemos dificuldades, sim, além dos problemas do tempo da reforma, já que o mercado já vinha deteriorado há um tempo", explica Atala. "Os processos de licitação são longos e complicados. Mas conseguimos trazer umas plantas para o lado externo, o banheiro já é uma coisa bem melhor... Não foi só dificuldade que a gente teve!"

Mocotó Café no Mercado de Pinheiros: parte do projeto de revitalização - Helena Peixoto/folhapress - Helena Peixoto/folhapress
Mocotó Café no Mercado de Pinheiros: parte do projeto de revitalização
Imagem: Helena Peixoto/folhapress

Modelo
De acordo com a associação dos donos de boxes do Mercado de Pinheiros, o movimento local aumentou cerca de 45% depois do lançamento da proposta. O projeto em Pinheiros foi considerado pelo prefeito Fernando Haddad (PT-SP) como um modelo para a revitalização de outros mercados e sacolões municipais.

"Quando Atala apresentou o projeto, ele deixou claro que queria ajudar a cidade a inovar, mas sem desrespeito à tradição", disse Haddad durante a inauguração dos boxes. "E esse modelo de negócio que foi implantado aqui pode servir para outros propósitos: podemos fazer isso em outros mercados e feiras da cidade, no sentido de enriquecer o paladar pela gastronomia brasileira. Muito do nosso turismo é cultural, temos que valorizar isso."

No entanto, o chef do D.O.M. e do Dalva e Dito disse que o projeto ainda está sendo discutindo. "Implementar este modelo seria um volume de trabalho muito grande para o Instituto ATÁ. Mas é muito possível trabalharmos como curadores e transferir nosso conhecimento para outras iniciativas", diz o chef. " Tem muita gente legal e muito espaço para ser revitalizado".