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Posso levar a garrafa? 5 fatos que um sommelier gostaria que você soubesse

Getty Images
Imagem: Getty Images

Do UOL, em São Paulo

11/05/2017 04h00

Para quem acha que o sommelier só está no restaurante para empurrar as garrafas mais caras para os clientes desavisados, está na hora de abandonar os preconceitos. O trabalho de um bom especialista está não só em saber sobre uvas e harmonizações, mas interpretar também os gostos do público e garantir que a refeição seja um sucesso.

Os sommeliers Tom Martins, do restaurante francês La Casserole, Luciano José, do Due Cuochi, e Fabiana Gherardini, do La Cucina Piemontese, falam o que gostariam que os clientes soubessem e a resposta para grandes dúvidas da clientela. Confira a seguir!

  • Confie na indicação, ela é feita sob medida

    "Alguns clientes ficam receosos em pedir indicações, principalmente quando não conhecem o sommelier", explica Luciano. "A partir do momento que conhecem o profissional e tem a sua confiança, aí fica muito fácil." Na hora de sugerir um vinho, um bom sommelier leva em consideração não só o que você pretende pedir no menu, mas também suas preferências e quanto você pode gastar com a bebida. "Nosso trabalho é garantir que o cliente saia satisfeito do restaurante", conta Fabiana. "Às vezes ele chega com uma ideia já fechada do que deseja beber - e tudo bem!" Na dúvida, não hesite em perguntar qual a sugestão da casa.

    Sugerir um vinho mais caro ou mais em conta depende da abordagem tanto do cliente quanto do sommelier. "Tomo a decisão de oferecer as bebidas baseado naquilo que ouço", explica Tom. "Se o cliente fala que quer tomar 'um vinho legal', eu ofereço algo em uma faixa de preço. Quando ele chega e fala 'estou a fim de tomar um vinhozinho', já indica que ele não está disposto a pagar muito pelo vinho. Você tem que facilitar a situação."

  • Dá para notar quando a pessoa só quer impressionar

    Sim, tem cliente que pede vinho olhando primeiro os cifrões do menu. E sim, os sommeliers são capazes de perceber quando a pessoa sabe o que está escolhendo ou se só deseja impressionar. Fabiana, por exemplo, não esquece de um cliente que, ao invés de arrasar, acabou se atrapalhando. "Ele pediu um vinho Barolo, que é uma bebida cara - mas também muito difícil, para paladares apurados. Na hora de provar, disse que estava estragado!" E não adiantou nada a sommelière explicar que a bebida era daquele jeito mesmo... O plano de conquistar a companheira de refeição acabou indo por água (ou vinho) abaixo.

  • Podemos opinar sobre os vinhos do cliente

    Trazer o próprio vinho para o restaurante para aproveitar um momento (ou um rótulo) especial é algo que os sommeliers aprovam - mas eles só dão opinião sobre a bebida se o cliente der abertura... Mesmo que isso cause alguns embaraços, como um 'causo' que Tom colecionou ao longe de seus 15 anos de trabalho no La Casserole: "O cliente trouxe um vinho extremamente estragado ao restaurante e pediu minha opinião. Ele pediu para misturar vinho do Porto à bebida que ele trouxe e servir para a mulher que estava com ele." A mistura foi feita e servida, mesmo contra a vontade do sommelier.

  • O sommelier não vai julgar seus gostos

    Tom conta que, certa vez, um cliente do La Casserole queria um "vinho bem suave, fácil de beber" para acompanhar sua refeição - e acabou pedindo um vinho de sobremesa para comer junto com um filé com molho de pimentas. A combinação nem um pouco ortodoxa, pelo visto, acabou funcionando, já que "ele achou a coisa mais maravilhosa do mundo e saiu do restaurante extremamente feliz - então, objetivo alcançado."

    "Estamos aqui para garantir que o cliente saia satisfeito da casa, para que ele volte outras vezes", explica Fabiana. "A harmonização é importante mas, muitas vezes, o cliente quer tomar o que ele quer - e eu não posso dizer que não só porque não harmoniza. Só posso dar sugestões se ele pedir."

  • Tudo bem levar a garrafa para casa

    "De cem clientes do La Casserole que querem uma lembrança da noite, 95 deles acabam levando a rolha da bebida para casa", conta Tom. Mas, se você realmente quer uma memória legal da noite, os sommeliers sugerem levar a garrafa inteira. "É no rótulo que você vai encontrar a história do vinho", diz Tom, que tem em casa cerca de 80 garrafas com anotações sobre as ocasiões especiais em que tomou a bebida.

    Fabiana, por sua vez, diz que muitos clientes do Cucina Piemontese pedem para fotografar o rótulo para colocar em aplicativos especiais que classificam vinhos - uma boa maneira de registrar os dados da bebida para pedi-la novamente em outra ocasião ou então comprar quando houver a oportunidade.