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Vinhos da Borgonha superam Bordeaux em leilão, afirma Sotheby's

Domaine de la Romanée-Conti - Divulgação
Domaine de la Romanée-Conti Imagem: Divulgação

James Tarmy

04/05/2018 14h30

Algo sem precedentes ocorreu no mundo dos vinhos de luxo: o Bordeaux tem concorrência. Em 2017, o vinho produzido na região de Bordeaux, na França, respondeu por menos de 50 por cento das vendas totais dos leilões de vinhos da Sotheby's pela primeira vez na história da casa de leilões. As prestigiadas produtoras da região, como a Château Mouton Rothschild e a Château Latour, costumavam dominar o mercado. No ano passado, contudo, os vinhos de Bordeaux representaram apenas 42% das vendas globais da casa de leilões, segundo relatório divulgado pela empresa na quarta-feira.

"Honestamente, vendo os números, foi um dado estatístico surpreendente para nós também", disse Jamie Ritchie, chefe global da Sotheby's Wine. "Não tabulávamos esses volumes nas décadas de 1970 e 1980, mas os vinhos de Bordeaux sempre ficavam entre 65 por cento e 75 por cento em termos de valor nos leilões", diz.

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A mudança pode ser atribuída à crescente popularidade dos vinhos produzidos na região da Borgonha, liderados pela produtora campeã de vendas da Sotheby's em 2017, a Domaine de la Romanée-Conti. As vendas do vinho representaram, em valor, "mais que os três principais Bordeaux -- Lafite, Petrus e Mouton Rothschild -- combinados", diz Ritchie.

Outros nomes da Borgonha que tiveram grande desempenho foram Domaine Armand Rousseau (segundo em valor na Sotheby's em 2017), Château Roumier (terceiro) e Domaine Henri Jayer (quarto).

Ascensão da Borgonha

"O vinho da Borgonha tem crescido e o Bordeaux está em declínio há tempos", diz o especialista em vinhos Robert Bohr, da Delicious Hospitality Group. "A realidade do mercado é que sem dúvida o vinho da Borgonha está mais badalado."

Trata-se da clássica questão de oferta e demanda, afirma. Como as produtoras de maior prestígio da Borgonha lançam muito menos garrafas que seus pares de Bordeaux, os vinhos da Borgonha são bastante raros no extremo mais alto do mercado.

"Quando o topo do mercado pende para o vinho da Borgonha, os preços se movem mais rapidamente e sobem mais devido à escassez", explica Bohr.

No geral, as vendas da casa de leilões totalizaram US$ 63,8 milhões, queda de mais de US$ 10 milhões em relação ao total de US$ 74 milhões de 2016. O declínio pode enganar um pouco porque a venda da adega de William Koch em maio de 2016, por si só, totalizou US$ 22 milhões, e essas vendas que são capazes de mexer com o mercado não ocorrem todos os anos. "Eu me surpreenderia se essa fosse a tendência do mercado", diz Bohr a respeito da queda, "porque o mercado está com uma força incrível".

Além do vinho

Embora as vendas totais da Sotheby's tenham caído, o mercado da casa de leilões parece estar se diversificando.

Os dois maiores lotes de 2017 foram de garrafas de uísque escocês Macallan: um comprador investiu US$ 987.994 em um leilão em Hong Kong para a compra de 18 garrafas de Macallan em um conjunto Lalique Legacy Collection. Outro conjunto de seis garrafas variadas saiu por US$ 474.359 em uma transação no varejo.