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Especialista ensina a harmonizar cervejas e queijos

Rafael Mosna

Do UOL, em São Paulo

20/09/2013 16h15

Harmonizar cervejas e queijos é muito eficiente, na opinião de Edu Passarelli, especialista em cervejas e sócio da filial do Aconchego Carioca em São Paulo. "A gente cria, de fato, uma mistura de sabores que não dá para saber onde começa a cerveja ou onde termina o queijo", diz ele.

Ambos possuem sabores comuns (nozes, pães, cereais, amêndoas, caramelo etc), que facilitam as combinações. O processo funciona basicamente como nas clássicas harmonizações entre vinho e comida: por semelhança (sabores equivalentes) ou contraste.

"A carbonatação [gás] presente na cerveja é uma grande aliada nesse tipo de degustação, uma vez que equilibra a gordura dos queijos e ainda limpa as papilas gustativas para a próxima mordida. O amargor age da mesma forma e também confere um toque refrescante ao paladar", explica.
 
Para queijos de cabra, a recomendação é uma cerveja de trigo. Gouda vai bem com o estilo bock, já que ambos possuem notas adocicadas e amendoadas. Um cheddar inglês combina com uma India Pale Ale (IPA), cujo amargor cai bem com o sal e notas adocicadas do queijo. 
 
Mais dicas? Provolone e Rauchbier, ambos com toques defumados. Um grana padano pede uma bebida doce, de amargor presente e base maltada, como uma stout.
 
Desafio
A pedido do UOL Comidas e Bebidas, Fernando Oliveira, proprietário d'A Queijaria, loja em São Paulo especializada em queijos nacionais, indicou cinco tipos diferentes de queijo para que Edu Passarelli fizesse a harmonização (veja mais no álbum acima).
 
Para o primeiro deles, o queijo Tropeiro (R$ 48 a peça com cerca de 1 kg, feito com leite pasteurizado de vaca, pastoso e suave), Edu sugeriu um chope pilsen. "É um queijo com pouco sal, chega a ser adocicado e você percebe, no paladar, a gordura. Combina com esse tipo de cerveja leve."
 
Com o Flor de Mandacaru (R$ 25 a peça com cerca de 800 g, produzido com leite pasteurizado de vaca, de paladar suave), a Witbier, bebida leve, de trigo, caiu bem, principalmente pela massa cremosa do queijo.
 
Já no caso do Catauá (R$ 48 a peça com cerca de 800 g, feito com leite cru de vaca), a primeira tentativa de harmonização aconteceu com uma Red Ale com sabores de priprioca. "Não deu certo, o perfume bebida não combina com esse queijo rústico." O tiro certeiro aconteceu com uma cerveja do estilo Munich Dunkel, de sabores de toffee que casaram com o salgado do queijo.
 
Para o Casa Branca (R$ 120/kg, produzido com leite pasteurizado de cabra), o caramelo de uma Vienna Lager equilibrou o salgado do queijo, que ainda teve sua gordura "cortada" pelo amargor da bebida.
 
O queijo Serro (R$ 48 a peça com cerca de 600 g, feito com leite cru de vaca), último da lista, caiu muito bem com uma IPA. "A bebida segura o sabor picante e a sensação de gordura."