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Vinhos verdes são boa opção para a Páscoa

Sergio Crusco

Do UOL, em São Paulo

21/03/2015 15h32

Ele é leve, fresco, de reduzido teor alcoólico e, portanto, menos calórico. Sutilmente frisante, tem a cara da tarde preguiçosa de sábado regada a comidinhas ligeiras com os amigos. “O vinho verde é descontraído, fácil, harmoniza com o clima brasileiro”, diz Bruno Almeida, da equipe de análise sensorial da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes, em Portugal.

O vinho verde sempre esteve nas adegas, nos supermercados e nas mesas do Brasil, embora seja pouco conhecido em suas peculiaridades. Há castas que geram vinhos de acidez pronunciada, com notas cítricas e herbáceas; outras que originam bebidas frutadas, que lembram pera, lichia ou frutas secas.

As variedades brancas, mais populares, são perfeitas com tudo o que for delicado: pescados, frutos do mar, ostras, lagosta, queijos brancos, sushi e sashimi,  Na Páscoa, o vinho verde é uma das melhores opções, pois sua harmonização campeã segue sendo o bacalhau.

A chef Ilda Vinagre, do restaurante A Bela Sintra, diz que os verdes, especialmente os da casta Alvarinho, fazem uma boa parceria com a untuosidade do azeite, abundante nas receitas portuguesas. Mas ela vai além: gosta de servir o verde com pratos franceses como o filé de linguado ao creme de leite, e brasileiros, como a moqueca capixaba -menos picante que a baiana- e sem dendê.

As versões tintas e rosés acompanham pratos como os assados, receitas mais gordurosas e condimentadas à base de bacalhau e as carnes de caça. 

Verde sim, maduro não

A Região dos Vinhos Verdes compreende o noroeste de Portugal. É limitada pelo rio Douro ao sul e pelo Minho ao norte, na fronteira com a Espanha. Hoje é uma denominação de origem controlada (DOC): para ser verde, é preciso ser produzido nessa região, a partir de uvas autóctones (ou seja, naturais do lugar).

Um engano comum em relação a este tipo de vinho é imaginar que sejam elaborados a partir de uvas verdes. Neste caso, ser verde significa exatamente não estar maduro – mas isso se refere ao vinho, não à fruta. Ou seja, ele é verde porque, em geral, não é envelhecido, passa pouco tempo armazenado antes de ser engarrafado e segue imediatamente para o consumo.

Apesar disso, alguns rótulos são envelhecidos por alguns meses em barris de carvalho antes da distribuição, o que confere notas de madeira e de frutas maduras à bebida. Outra ideia bastante corriqueira é a de que o vinho verde não “aguenta” muito tempo guardado, precisa ser consumido em menos de dois anos. Algumas castas, como a Alvarinho, originam vinhos que suportam de cinco a dez anos de guarda. Como os tintos, eles também evoluem em aromas e sabor, se armazenados corretamente.