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Sabia que o Japão produz excelentes vinhos? Entenda quais são os melhores

Região de Yamanashi, no Japão, é conhecida por sua produção de vinhos - Getty Images
Região de Yamanashi, no Japão, é conhecida por sua produção de vinhos Imagem: Getty Images

Anna Fagundes

Do UOL

04/05/2017 04h00

Quando se pensa em bebidas japonesas, a primeira coisa que vem à mente é o saquê. Mas não é só de fermentados de arroz que vive o país – por lá, também se produz vinho de qualidade.

Uma das maiores dificuldades dos vinicultores japoneses não é tanto o mercado – é o terreno. O espaço para agricultura no país não é vasto e, para complicar ainda mais, o tipo de solo e o clima estão longe de serem ideais para o plantio de uvas. Isso não impediu, no entanto, que os produtores conseguissem criar rótulos nacionais com ótima pontuação em avaliações estrangeiras, como a da revista norte-americana "Wine Spectator".

A Koshu é a uva tradicional do japão

As varietais como Cabernet Sauvignon e Merlot são as mais utilizadas, mas é uma cepa nativa que chama mais a atenção do público: a Koshu, uva de casca rosada que rende vinhos brancos secos e suaves. Uma variação destas uvas foi trazida para o país há um milênio, embora pesquisadores não consigam concluir qual sua origem exata. Ela é mais cultivada na região de Yamanashi, aos pés do famoso Monte Fuji. A região, que conta com cerca de oitenta vinícolas, é uma das principais produtoras de vinho no país.

Outra varietal típica do país é a Muscat Bailey A, que produz vinhos tintos. Esse tipo de uva foi criado nos anos 1920 por Kawakami Zenbei, considerado por muitos o “pai” dos vinhos japoneses. Foi ele quem começou a selecionar uvas que fossem capazes de enfrentar o clima cruel do país, com neve forte e chuvas pesadas.

Atualmente, os vinhos produzidos no país são divididos em três categorias: kokunaisan, rótulo 100% nacional; kokusan, feito com uvas importadas, mas fermentado no Japão, e yunyu, é produzido em outros países e apenas engarrafado no Japão. O país ainda não tem um selo de origem controlada nacional, embora algumas regiões já tenham certificados que garantem que os rótulos são mesmo fabricados no local.

Rótulos da vinícola Château Mercier, uma das mais antigas do Japão - Reprodução/chateaumercian.com - Reprodução/chateaumercian.com
Rótulos da Château Mercier, uma das vinícolas mais antigas do Japão
Imagem: Reprodução/chateaumercian.com

A produção de vinho japonês é antiga

As primeiras tentativas de produção de vinho no país são de 718 antes de Cristo, mas o consumo da bebida só foi incentivado no século 16, com a chegada de missionários portugueses no país. No começo, o público aceitava melhor bebidas mais adocicadas, inclusive com o acréscimo de mel na produção – vinhos fortificados, como versões locais de Porto, foram um grande sucesso por várias décadas.

A importação de vinhos estrangeiros e a melhoria na produção dos rótulos locais se expandiu com o avanço da economia nos anos 1970 e 1980 – com isso, os vinicultores japoneses puderam investir mais em produzir vinhos locais com qualidade igual aos rótulos franceses e norte-americanos.

Em 1995, Shinya Tasaki se tornou o primeiro japonês a ser premiado como o Melhor Sommelier do Mundo - uma competição internacional que ajudou a colocar de vez o arquipélago asiático no mapa mundial do vinho.

Fontes: "The Oxford Companion to Wine" (Janis Robinson), Asian Wine Producers Association, Koshu of Japan, Wine Spectator.