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Vista panorâmica, emoção e vento: como é comer pendurado por guindaste

Dinner in the sky - Aeroshowimagens/Reprodução/Instagram
Dinner in the sky Imagem: Aeroshowimagens/Reprodução/Instagram

Juliana Bianchi

Colaboração para o UOL

26/04/2019 04h00

Criado na Bélgica e presente em 45 países, o Dinner in the Sky está de volta a São Paulo. Desta vez, com uma das vistas mais privilegiadas entre as nove edições anteriores.

Em um terreno vazio, bem em frente à ponte Octávio Frias de Oliveira (conhecida como ponte estaiada), uma mesa que chega a pesar 7 toneladas é içada a 50m do chão por um guindaste.

Até 30 de junho, a enorme e iluminada estrutura poderá ser vista por quem passa pela Marginal Pinheiros. Neste período, serão feitas seis subidas diárias, de quarta a domingo, com até 22 corajosos participantes dispostos a fazer uma refeição completa pendurados na estrutura.

É possível escolher entre os horários do almoço (12h, a partir de R$ 350), coquetel (16h, a partir de R$ 250), sunset (18h, a partir de R$ 250) ou jantar (20h ou 22h, R$ 600), cada qual com um cardápio e tempo de permanência no alto diferentes (de 40 a 70 minutos). Mas sempre com emoção garantida. E segurança.

Dinner in the sky - Aeroshowimagens/Divulgação - Aeroshowimagens/Divulgação
Imagem: Aeroshowimagens/Divulgação

Bolsas, chaves, blusas extras ou qualquer outro item que possam cair de lá de cima devem ser deixados em armários individuais, ainda em solo. Celulares, paus de selfie e câmeras fotográficas podem ir, mas a responsabilidade sobre eles é exclusivamente sua.

De verdade, o medo de escapar algo da mão é o que mais deixa a gente tenso. Porque as pessoas em si estão tão bem presas às cadeiras -- elas lembram as de carros de corrida, com direito a cinto de três pontas ajustado um a um pelos bombeiros de plantão -- que a gente mal se mexe. A não ser no mesmo eixo, já que a cadeira permite girar quase 180 graus para ver a paisagem.

Após todos devidamente instalados nos assentos em torno da bancada central, a aventura começa. Música animada, drinques e piadinhas para descontrair seguem à apresentação do chef, que circula no centro com mais quatro assistentes presos ao teto por cabos de segurança.

Brinde vai, riso vem, e quando a gente dá conta já é possível ver o trânsito fluindo sob os seus pés, na Marginal. O mecanismo é muito suave -- o mesmo não se pode dizer do vento, que às vezes insiste em aparecer e levar os guardanapos, não por acaso estrategicamente presos à mesa por cordinhas.

A vontade é passar todo o tempo aproveitando a vista e testando os melhores ângulos da cidade, mas a refeição começa a ser servida.

No dia em que fui, o cardápio elaborado pelo chef residente Fábio Bernardini - com passagem pelo restaurante Pujol (México) - incluía ceviche de palmito pupunha com grapefruit e molho cítrico, filé mignon com salsa picante e farofa (que por vezes se espalhou pela mesa com o vento) e, de sobremesa, sorvete de frutas vermelhas com telha crocante.

Claro que nada é preparado na hora. Quando muito, é aquecido no pequeno cooktop por indução que ajuda a manter a temperatura do molho.

Preparadas em solo por uma equipe de oito cozinheiros -- a participação surpresa de chefs convidados, como Guga Rocha, Luiza Hoffmann, Marcos Carioba, Vinicius Rojo, Alex Sotero, Tatá Cury e ex-participantes do MasterChef, como Rafa Gomes, também está prevista -- as comidas sobem em caixas térmicas com gelo ou banho-maria e são apenas montadas na hora, em frente aos convidados.

O preparo antecipado não impediu, por exemplo, que o filé mignon fosse servido no ponto correto, bem rosadinho, ou que alguém avesso à carne vermelha trocasse o prato, já lá em cima, por um peixe. "Sempre subo com alguma coisa extra para essas situações", disse o chef.

O jogo de cintura e a descontração ensaiada da equipe fazem a experiência fluir e passar rápido. "Qualquer desconforto é só avisar que a gente reforça a bebida. Gostar da comida não é compulsório. Mas quero avisar que tenho 22 botões de ejetar aqui pertinho", brincou Eduardo Lovro, sócio e CSO da Mestiça, empresa proprietária da estrutura no Brasil.

Quando se percebe, a vista da cidade já deu lugar aos tapumes com a logomarca do evento e os cintos já estão sendo desafivelados. Os 50 minutos passaram em "um segundo" e a excitação foi constante.

Medo? Só quando a gente se força a olhar diretamente para baixo, do que quase não se lembra, com tanto a se ver ao redor. No fim, a sensação é de "quero mais". Talvez sentado em outra posição para variar o ângulo e em outro horário, para apreciar a cidade sob outra luz.