Há umas duas décadas, a profissão de sommelier começou a ganhar notoriedade no Brasil, junto com o crescimento do mercado de vinhos. O sommelier passou a ser um profissional valorizado e ter sua opinião bastante respeitada.

Nos últimos anos, o termo sommelier, que antes era usado somente para vinhos, começou a abranger também outras bebidas. Hoje existem inúmeros sommeliers de cerveja no mercado e até de cachaça. Outro dia, pasmem, ouvi sobre um sommelier de café, de uma pessoa que tinha esquecido a correta nomenclatura da profissão: barista.

Não tenho nada contra a abrangência da profissão, mas tenho medo de onde essa “sommelierização” vai parar. Me imagino entrando no edifício e, no elevador, o ex-ascensorista, agora sommelier de andares, me respondendo quando eu pedir para ir ao andar de meu destino:

– Senhor, não aceita o quinto andar? Face norte, ótimo frescor, certamente vai lhe surpreender.
 
Ou no taxi, com o ex-taxista, agora sommelier de trânsito:

- Meu senhor, a Marginal Pinheiros hoje está com notas rústicas e pesadas, não prefere uma alternativa mais suave?
 
No Twitter é fácil encontrar os sommeliers de clima. Calor, frio, chuva, tudo tem suas explicações e harmonizações. Agora com o furação Sandy, então, o número desse tipo de especialista cresceu bastante. E você, sommelier de leitura, não me leve a mal. Apenas estou brincando com a minha profissão, a de especialista em cervejas, também conhecida como sommelier!